Aventura Pronta - As Quatro Folhas de Fair Leaves

Introdução

Um fato que nunca foi registrado foi a importância da magia em Fair Leaves.

O Novo Continente tinha suas próprias tradições mágicas, e muitos dos estrangeiros de uma forma ou de outra tentaram suprimir ou negar essas tradições mágicas. Seus seguidores e as criaturas da mesma ocasionalmente entravam em conflito com os mesmos, e isso prejudicava inclusive aqueles que para cá vieram sem se importar nada com isso.

Quando Fair Leaves foi fundada, haviam muitos habitantes mágicos locais. Os Bieberaus tiveram importância ao negociar com esses povos um Pacto de Convivência, envolvendo todas as partes, mágicas e mundanas, locais e estrangeiras, para que todos vivessem em Fair Leaves de maneira igualitária e harmoniosa. Graças a isso, Fair Leaves nunca teve grandes problemas, pois em sua Pedra Fundadora, que ainda existe na Praça da Cidade, foi colocado um amuleto na forma de um Trevo de Quatro Folhas, e o mesmo não à toa tem uma malaquita encrustada nele: a malaquita para os povos nativos era um símbolo de sorte, ainda mais em formato de cobra, em algo similar ao símbolo de Ourobouros (a cobra tentando comer a própria cauda), um símbolo de renascimento.

Entretanto, com o tempo, as demais famílias fundadoras tentavam de tudo para explorar os recursos naturais da região, inclusive indo contra as ações dos Bieberaus, em especial os McHog e McBaalian. Isso fez com que as quatro famílias entrassem em conflito. A doença do último Bieberaus a nascer em Fair Leaves, Kaspar, foi o estopim para o conflito que rompeu o equilíbrio entre as Quatro Famílias Fundadoras. O emparedamento dos últimos Bieberaus, que resultou na morte do Patriarca Lars e em Kaspar tornando-se um Fantasma que até hoje assombra a casa onde ele vivia, foi onde esse equilíbrio começou a se romper.

Isso começou a degenerar a prosperidade de Fair Leaves, como era no passado, ainda que essa queda não seja tão perceptível.

Os O’Wool se mudaram quando seu Patriarca Connacht viu Kaspar em sua forma espectral e enlouqueceu, tomado por um pânico indescritível. Os McBaalian foram seduzidos pelo dinheiro, abandonando a tradição de serem caridosos e tornando-se os sovinas que o mito que corre à boca pequena entre os habitantes de Fair Leaves. E os McHog ficaram gananciosos, sendo agora donos de metade de Fair Leaves (e dando um jeito de conseguir a outra metade).

Quanto à magia, as criaturas mágicas que existiam na cidade, como os Leprechaun McLucky, os McEaster Coelhos da Páscoa e os Vampiros da linhagem von Squeak se viram em uma situação de precisarem se manter isolados e secretos, até que encontrassem um ocasional descendente dos Bieberaus com poder o bastante para os ver e tentar os ajudar. Recentemente isso acontece com Sylvester Sälvalner, cujo pai, Niels, era para assumir essa missão, mas abandonou tudo para fugir com o Circo. E Sylvester veio para a cidade muito velho, e isso coloca todos com medo de mais um tempo de isolamento e medo. Além dele, outras pessoas se estabeleceram em segredo em Fair Leaves procurando manter esse segredo sobre o místico.

Recentemente, a família Baalycairn veio de Sligo, na Irlanda, para Fair Leaves. Eles vieram (oficialmente) porque o Sr. Baalycairn trabalha em uma empresa que tem um escritório em Great Willows. Como ele pode trabalhar remotamente por computador, ele preferiu buscar um local melhor, menor e mais tranquilo, e Fair Leaves foi a escolha adequada, ainda mais que é apenas uma hora de trem para ir e voltar para Great Willows.

Na realidade, os Baalycairn são descendentes indiretos dos Bieberaus e, portanto, dotados de habilidades mágicas.

Além deles, existe pelo menos mais dois usuários de magia em Fair Leaves:

Os Baalycairn vieram na realidade por um motivo estranho, que nem mesmo sua filha, Danaan Baalycairn entende.

E quando ela começa a sofrer acidentes estranhos, a Turma se verá envolvida nisso tudo.

Capítulo 1 - A Recém-chegada Trapalhada

A Turma estará em algum local comum a todos: pode ser seu Santuário, no meio de um Jogo de Basebol animado, na Doceria da Senhorita Heckett, ou na Escola. Seja onde for, eles observarão uma garota nova na cidade: um pouco mais baixa que a média, essa garota ovelha parece perdida na cidade, e além disso veste-se de maneira estranha, com Roupas Antiquadas que mais parecem vindas de um brechó, Meias Despareadas e Sapatos estranhos, de camurça verde-escura. Ela parece olhar para um mapa de Fair Leaves (ou consultando o celular) e parece perdida. Tente deixar claro aos jogadores de que ela parece realmente precisar da ajuda de locais. Se quiser, sempre existe a possibilidade de ela trombar com um dos jogadores ou com uma turma de Valentões.

Danaan dirá que está procurando a Escola para transferir-se como aluna. Apesar de suas roupas esquisitas, ela parece uma garota legal, e bem otimista. Ela dirá que veio da Irlanda, já que seu pai foi transferido para uma empresa de transportes que fica em Great Willows. Personagens (em especial Geninhos e Curiosos) que tenham um Esperto Razoável (+2) ou melhor lembrarão que Great Willows é conhecida também como O Grande Armazém da América, por todas as rotas ferroviárias, rodoviárias e aéreas que veem e vão. Desse modo, não é estranho que a informação dada por Danaan proceda.

Entretanto, no momento em que eles estiverem conversando, algum acidente estranho acontecerá com Danaan: seja um vento que faz com que um monte de folhas voe contra a cara da mesma, ou um balde de água que lhe caia sobre a cabeça, ou ainda um tropeção que a faça cair, junto com um dos personagens em um monte de lixo fedorento (ECA!!!!). Seja como for, será mais um acidente vergonhoso para Danaan do que realmente algo para machucar.

Se os personagens ficarem bravos com ela, ou então por algum motivo acharem que ela tenha feito isso de propósito, deixe claro que ela nunca, JAMAIS faria algo assim de propósito. Se alguém a questionar, ela dirá simplesmente:

“São os Leprechauns! Eles me procuram em todo lugar, gostam de pregar peças em mim!”

Isso deve dar a entender para a turma que essa garota não bate muito bem das ideias, mas também deixará claro que não passou realmente de um acidente, como poderia acontecer a qualquer um a qualquer momento.

Ou assim eles imaginam.

Dado que eles ajudem Danaan a ir para escola, ela despedir-se-á dos personagens. Como ela é mais ou menos da mesma idade dos demais, quase certamente estará na mesma classe dos mesmos.

O que acaba se confirmando no dia seguinte.

Cena 2 - A Pedra Fundadora

Uma coisa curiosa sobre Fair Leaves é que a cidade foi fundada no dia 17 de Março, dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda. Como duas das Famílias Fundadoras (McBaalian e McHog) eram de irlandeses, e uma das demais era escocesa (O’Wool), não era de se espantar que tal data fosse escolhida como dia de Fundação de Fair Leaves.

A duas semanas do aniversário de Fair Leaves, a cidade está se movimentando de muitas maneiras: o Dia de São Patrício é uma confraternização e uma data cheia de atividades cívicas, como paradas de várias agremiações locais, reencenações de batalhas da Guerra de Secessão e todo tipo de atividade divertida. O senhor Goatzeit então dividirá os alunos em grupos para pesquisarem algo sobre a história de Fair Leaves, e dará para a Turma (e Danaan, com quem formarão um par), o dever de pesquisar sobre a Pedra Fundadora, o Marco Inicial de Fair Leaves.

Quando os personagens decidirem ir para a biblioteca ou conversar com moradores mais idosos da cidade, eles começarão a ouvir fatos e lendas sobre a Pedra Fundadora. Algumas formas que eles poderão ter, conforme atitudes a serem usadas:

Seja como for, você pode tratar como um Desafio obter as informações adequadas sobre isso, listadas abaixo. Além disso, está listado se a informação é verdadeira ou não e o motivo.

Cena 3 - Os Valentões e o Marco

Essa cena poderá acontecer a qualquer momento em que a Turma e/ou Danaan estiverem perto da Pedra Fundadora. O ideal é que todos estejam perto do Marco o bastante para que aconteçam coisas estranhas.

Quando os personagens estão lá, provavelmente tentando estudar a Pedra Fundadora, os mesmos serão procurados por Valentões da Escola, a mando do maior mandão da cidade, Richard McHog. Ele deseja (obviamente) ser o melhor aluno nesse trabalho e fará de tudo para conseguir as notas que os personagens fizeram. Para isso, ele deseja roubar o trabalho dos personagens e entregar como seu.

É bem provável que os personagens ou tentem fugir ou tentem lutar. Deixe eles agirem como quiserem, e trate como uma Disputa (a Fuga) ou Conflito (uma briga). Em um momento à sua escolha que pareça interessante (como em um momento onde um Empate chama uma virada de mesa, ou quando os personagens decidirem se render ou forem derrotados em um Conflito), os Valentões empurrarão os personagens contra a Pedra Fundadora.

Nessa hora, pode ser útil também fazer com que Danaan, estando próxima, tenha um de seus “ataques de azar” (que logo serão explicados), e acabe fazendo com que todos caiam em cima da Pedra, fazendo-a tombar.

Uma vez que ela tombe, os personagens verão a mesma caindo no chão, o trevo engastado na mesma se soltando e se partindo em vários pedaços. Deixe claro que não é apenas um vidro quebrado… Eles basicamente acabaram de quebrar uma relíquia dos Fundadores! E para piorar, perto do aniversário de Fair Leaves!

Todos observarão a Turma, enquanto os Valentões se mandam. Agora, cabe a você determinar o que acontece:

Seja como for, eles não tem noção de como as coisas ficarão complicadas a partir de agora.

Cena 3a - A Maldição do Trevo Quebrado.

Ao quebrarem o Trevo, os personagens fizeram com que toda Fair Leaves, sem conhecimento de ninguém (exceto Danaan e outros personagens com magia, além dos personagens jogadores) ficassem sob efeito de um Azar Profundo: esse é um Aspecto de Cenário que ficará até o final da aventura onde, esperamos, os personagens serão capazes de construir um novo Trevo.

No início, a maldição será simples: leite começará a azedar, comida estragará no pior momento possível e ventos fortes aparecerão do nada. Com o tempo, entretanto, essa maldição piorará: pessoas começarão a tropeçar nos piores momentos, panelas explodirão e outras coisas cada vez mais perigosas.

Essa maldição contará como uma Distração (Distraction) do Fate Adversary Toolkit (pg. 23). A cada cena, os personagens deverão fazer a opção de seguir tentando reconstruir o trevo ou auxiliar a amenizar, ao menos por um tempo, a Maldição do Trevo Quebrado.

A Maldição do Trevo Quebrado

  • Oposição: Regular (+1) ou maior (veja abaixo)
  • Escolha: Gastar tempo reduzindo os efeitos da Maldição ou procurar o que precisam para um novo Trevo?
  • Repercussão (reduzir os efeitos da maldição): Poderão não ter tempo para recuperar o Trevo antes do Dia de São Patrício
  • Repercussão (Procurar o que precisam): A maldição ficará mais perigosa a cada momento, e inocentes poderão se ferir

Existe um porém: a oposição será cada vez mais forte, conforme os personagens ignoram a maldição.

Cada tentativa de amenizar a maldição demandará um teste adequado contra dificuldade igual à Oposição atual ou o gasto de um Ponto de Destino. Em ambos os casos, reduzirá a oposição em um nível (dois, em caso de Sucesso com Estilo no teste, até o mínimo de Medíocre (+0)). Em caso de Falha, o personagem que o testou sofrerá um Aspecto de Azarado que poderá ser forçado para Atacar o personagem no pior momento, com um nível igual à Oposição no momento. Como opção, se um personagem desejar, ele pode aceitar esse Aspecto Azarado como parte de um Sucesso a Custo.

Simplesmente ignorar fará o nível da oposição subir em 1 nível. Ao final da cena, após o nível da oposição subir, role 4dF contra a Oposição. Em caso de Falha, alguém próximo aos personagens será vítima da Maldição. Isso entra em jogo como um Aspecto contra o personagem, com uma Invocação Gratuita para o narrador, como em Mamãe ficou doente de repente ou O leite estragado da vaca.

Quando a Maldição estiver poderosa o bastante (Bom (+3) ou maior de Oposição), criaturas más começarão a aparecer e atacar as pessoas: elas passarão a ignorar completamente o pacto de Não-agressão contra os humanos de Fair Leaves. Se achar interessante, coloque um ou dois grupos de goblins ou outras criaturas perigosas. Elas não são poderosas o bastante para parar pessoas com poder mágico grande o bastante ou adultos bem armados ou preparados, mas para crianças como a Turma eles serão personagens poderosos o bastante para atrapalhar bem a missão dos personagens.

Atenção: NÃO CONTE sobre a maldição até alguém questionar Sylvester, Danaan ou Wyatt sobre o que tem de tão importante no Trevo, mas role em segredo e faça com que eles sintam o impacto de simplesmente ignorar as coisas.

Cena 3b - O Leprechaun

Se os personagens estiverem com Danaan, existe uma boa chance de eles verem que ela vê uma criatura estranha, que apenas ela e outros usuários de magia (e eles) veem. É um ser bem pequeno, de cabelos vermelhos fartos, roupas feitas como se muitas folhas fossem costuradas entre si, um chapéu muito grande para ele e feito como se um trevo de quatro folhas tivesse sido moldado em um chapéu, meiões brancos e sapatos verdes.

Essa criatura é Seamus McLucky, um leprechaun.

O clã McLucky é uma das várias famílias de criaturas mágicas que, de maneira desconhecida aos habitantes mundanos de Fair Leaves, vivem na cidade. Seamus (pronuncia-se Xeiamus) é o mais novo do clã McLucky, tanto que ele nem tem barba ou bigode (ainda que tenha fartas costeletas). Ele percebeu que Danaan tinha poder mágico e alguma coisa especial e decidiu que seria uma boa forma de receber ela à maneira Leprechaun: pregando peças e desaparecendo, até que ele fosse encontrado.

Ele não sabia que acabaria em uma ENCRENCA TÃO GRANDE.

No momento em que o Trevo se quebra, ele decide dar no pé, pois sabe da Maldição do Trevo e de sua importância, mas o fará de maneira tão desbaratinada que esquecerá de seu poder de teleporte e correrá a pé. Ele não é visível por qualquer adulto mundano, e a maioria das crianças também não o verá. Os personagens, porém, o verão. Além disso, o fato de ele ser invisível para a maioria das pessoas não o torna menos sólido: ele poderá trombar com pessoas e mesmo correr o risco de ser atropelado por um carro.

Abra uma Disputa entre os personagens e Seamus. Nesse momento, você já pode utilizar a Maldição contra os personagens se desejar. Se Seamus escapar, ele sumirá e não reaparecerá nessa aventura.

Se for pego, Seamus se declarará inocente quanto ao Trevo: ele nunca teve a intenção de quebrar o Trevo, ainda mais porque ele sabe sobre a Maldição do Trevo Quebrado. Ele explicará todos os detalhes sobre a Maldição e o que levou ela a existir (veja adiante, na Cena 4).

Ele realmente é inocente: como todo Leprechaun, ele adora pregar peças, mas jamais faria algo que colocasse em risco as pessoas, ao menos não intencionalmente. Ele só queria pregar pequenas peças com Danaan, até que ele apareceria para ela, e não imaginava que acabaria fazendo algo assim.

Seja como for, Seamus ajudar-os-á a consertar as coisas, já que ele gosta de Fair Leaves, em especial do Bosque do Casebre, onde ele mora.

Cena 4 - A Origem do Trevo

Os personagens serão levados por Wyatt ou Sylvester para o Antiquário de Relíquias do senhor Woolmeister, o Antiquário de Wyatt. Não é normal crianças irem ao Antiquário, até porque ele é meio assustador, mas muito mais pelo fato do senhor Woolmeister não cuidar tanto dele: ela tem cheiro de naftalina e as janelas estão meio sujas. Muitas das peças em mostruário são bonitas, mas precisam de uma boa limpeza para chamarem a atenção. Wyatt não esquenta tanto com isso, já que sua clientela é seleta: em geral, só quem sabe o que quer vem até ele.

Wyatt e Sylvester não parecerão nada felizes:

“OK, crianças, vocês tem a mínima noção do que fizeram?”

Eles não estão preocupados com “Não foi nossa culpa!” e argumentos similares. Vai ser quando Sylvester executará um truque de mágica: de suas mãos pequenos globos de luz aparecerão e flutuarão ao redor dos personagens, quando eles explicarão sobre o Trevo.

“Sim. Um antepassado meu, avô do meu avô, era Sven Sälvalner, marido de Margreta Bieberaus. Os últimos Bieberaus, Lars e Kaspar, eram meus parentes, irmão e sobrinho de Margreta. Pode-se dizer que a família Bieberaus era quem tinha a maior parte da magia em Fair Leaves. E como descendente dos mesmos. sou capaz de usar magia, ainda que meus poderes sejam muito pequenos.”

É verdade. Uma pesquisa quanto à linhagem Bieberaus mostrará que a mesma encontra-se extinta pelo “lado masculino”, mas que o nome foi abandonado por medo de perseguição pelos demais descendentes. Margreta Bieberaus ainda se manteve com seu esposo Sven, e foi-se seguindo a linhagem Sälvalner (pronuncia-se sELvalner), até o pai de Sylvester, Niels, fugiu para o circo pouco antes da 1ª Guerra, onde casou-se e teve Sylvester como filho.

Wyatt explicará que ele teve a curiosidade de ler alguns tomos de magia que encontrou na Mansão Bieberaus e aprendeu alguns truques de magia. Entretanto, a parte mais importante de Wyatt é seu conhecimento sobre diversas tradições de magia, ele esclarecerá.

“Desde a sua fundação: magia sempre existiu em Fair Leaves. Na verdade, existe em todos os lugares, mas aqui em Fair Leaves existe uma cautela para que todos vivam bem.”

Ele então explicará sobre o Pacto de Fair Leaves, onde o Fundador Wilheim Bieberaus fez com que todos os povos da região procurassem “se comportar”. Existe uma série de detalhes que ainda são estranhos, como o fato de não ter quase nenhuma presença mística na Cidade, à exceção do Trevo e tudo o mais.

“Na realidade, a situação já não era boa desde que os Bieberaus foram mortos… Mas a gente ainda conseguia dar um jeito. Agora, com a Quebra do Trevo, a Maldição se libertou de vez, e corremos o risco de que algumas criaturas perigosas passem a ignorar o Pacto de Fair Leaves e tentar agir de maneira inconsequente e perigosa contra todos.”

Wyatt comentará sobre o que aconteceu e o impacto disso (veja abaixo, em A Maldição do Trevo), mas fundamentalmente a questão é que, uma vez que os Bieberaus foram extintos, o equilíbrio acabou caindo por terra. Isso explica tanto a fuga dos O’Wool e a loucura dos McBaalian. A única coisa que sobrou foi a Sorte que os McHog tem, mas que pode acabar desaparecendo, e com isso levando Fair Leaves com eles.

“Estávamos pesquisando formas de tentar reparar o Trevo, e íamos tentar algumas ideias com a ajuda dos Baalycairn…”

Quando isso for falado, se os personagens olharem para Danaan, ela confirmará que a família dela veio para Fair Leaves para tentar reformar as magias que estavam no Trevo, mas com a Quebra do mesmo, precisarão forjar novamente o mesmo.

Se os personagens não quiserem ajudar, deixe claro que a Maldição está se alastrando e pode ficar cada vez pior. Se ainda assim eles se recusarem, isso poderá ser o fim de Fair Leaves. Deixe que eles experimentem um pouco da Maldição e veja se eles decidem ajudar.

Se desejarem ajudar, eles poderão fazer a pergunta óbvia

Nesse caso, Wyatt e Sylvester poderão ensinar alguns truques básicos que eles poderão usar. Peça para cada um testar seu nível de Esperto. Um sucesso contra uma dificuldade Regular (+1) coloca sobre o personagem o Aspecto Truques de Magia, sem Invocações Gratuitas (uma em caso de Sucesso com Estilo). Se falharem, existe a opção de dar o Aspecto, mas você, narrador, receberá um Ponto de Destino para usar contra os personagens como parte do Sucesso a Custo.

Além disso, se desejarem, poderão pagar um Ponto de Destino para pedir que Danaan prepare algum tipo de Talismã para o personagem.

Lembrem a eles, entretanto, que o tempo está correndo: faltam alguns dias para o Dia de São Patrício, e se até lá o Trevo novo não estiver pronto, Coisas Terríveis Poderão Acontecer!!!!

Se quiser, trate como duas Contagens Regressivas (Countdown) do Fate Adversary Toolkit (pg 25), como abaixo

Cena 5 - Reformando o Trevo

A parte boa é que eles terão algum tempo para conseguir reconstruir o Trevo de Fair Leaves.

A parte ruim é que eles estarão sob pressão.

Primeiro: lembre a eles que a Maldição do Trevo continua a correr.

Segundo: a Maldição ficará cada vez mais enraizada. Deixe claro isso: o Contador do Destino de Fair Leaves tem que correr. Além disso, lembre-se da Maldição, que fica cada vez pior conforme os dias.

Os personagens poderão tentar, uma vez por dia, reconstruir o Trevo. Na realidade, Wyatt mencionará que eles deverão carregar magicamente quatro pedaços de malaquita em forma de coração (que formarão as Folhas do Trevo), com algo relacionado ao tema das Folhas do Trevo (Esperança, Fé, Caridade, Sorte), e por fim, fundir eles magicamente com um pedaço de malachite esculpido como o símbolo de Ourobouros. Caso consigam, o novo Trevo se engastará por si mesmo ao Marco central. Eles tem até o dia de São Patrício (oito dias) para fazer isso.

Narrador, peça para os jogadores ideias sobre o que eles vão fazer para carregar magicamente as Folhas do Trevo. Pergunte a eles como eles poderiam pensar em sugestões envolvendo os temas. Se tiverem dúvidas, algumas sugestões abaixo:

Cena 6 - Finalizando: Epílogo, Ganchos e Experiência

Após energizarem as Folhas do Trevo, peça para os que os personagens coloquem algum desejo no mesmo para Fair Leaves, enquanto Danaan e sua família utilizam suas artes mágicas para engastar as folhas em um novo talismã para o Trevo de Fair Leaves. Se eles conseguirem ser bem sucedidos em um teste Razoável (+2) adequado OU pagarem um Ponto de Destino, esse desejo será incorporado ao novo Trevo como um Aspecto que passará a ser parte dos Aspectos de Cenário.

Esperamos que os personagens consigam fazer isso, ou Fair Leaves poderá desaparecer: a Maldição estará tão poderosa que inviabilizará às pessoas viverem em Fair Leaves, um Êxodo começando a ocorrer com famílias partindo todos os dias para Great Willows, Deep Lakes, Katchalow, Lavender ou mesmo para a Cidade Grande muito longe. Isso pode ser a separação definitiva da Turma, ou ao menos uma enorme complicação para ela.

Imaginando que tudo tenha corrido bem, a Maldição desaparecerá, uma vez que o novo Trevo indicará que o Pacto de Fair Leaves ainda está valendo. Obviamente criaturas más desejarão dar um jeito de violar o Pacto, mas qualquer tentativa resultará em encrenca para elas.

Essa aventura é considerada um Marco Maior.

Alguns ganchos:

Apêndice 1 - NPCs

Wyatt Woolmeister - o Antiquário e Guardião de Segredos

Wyatt Woolmeister quando jovem foi parte de uma das turmas mais pestinhas de Fair Leaves, enfrentando Valentões e fazendo todas as típicas estripulias de uma criança solta em Fair Leaves. Na realidade, nunca se preocupou com magia, poderes mágicos e perigos similares.

Mas uma coisa que Wyatt sempre foi é curioso, e foi isso que mudo a vida do mesmo.

Certa vez, a sua Turma foi desafiada pelo mandão da cidade, Lemont McHog, a provar sua coragem: ele desafiou a Turma a ir até a Mansão Bieberaus e fazer o velho Relógio de Carrilhão tocar. A Turma teve muito medo de início, já que a fama de mal-assombrada da Mansão Bieberaus era enorme. Entretanto, para alguém curioso como Wyatt, tudo valia a pena.

Foi então que a Turma invadiu o antigo lar dos Bieberaus e rapidamente alcançaram o quarto do filho de Lars Bieberaus, Kaspar, onde ficava o famoso Relógio de Carrilhão…

E mexeram nele.

A experiência foi assustadora para todos, ao viajarem no tempo e serem capazes apenas de assistir os acontecimentos que levaram à queda dos Bieberaus: como as demais Famílias Fundadoras se aproveitaram do fato do pobre Kaspar ter contraído a tifo e emparedaram ambos, pai e filho, junto à chaminé, e como o pai, vendo Kaspar sofrer, decidiu por fim ao sofrimento do mesmo, servindo-lhe rícino e papoula pouco antes dele mesmo se matar. Todos ficaram muito assutados ao voltarem ao próprio tempo e ver que ainda estavam vestidos em trajes da era da Regência como estavam usando enquanto assistiam à tragédia que ocorreu com os Bieberaus. Eles tiraram as roupas e corrreram para casa o mais rápido que puderam, mesmo sabendo que estavam completamente nus!

Mas não Wyatt. Muito pelo contrário, ele ainda estava mais curioso para entender o que aconteceu!

Wyatt pesquisou mais a Mansão, entrando várias outra vezes ba mesma, mesmo com o resto da Turma achavando que isso era loucura, devido aos perigos que lá haviam. Sem que a maioria soubesse (mesmo sua Turma) descobriu os antigos segredos de magia perdidos desde que os Bieberaus desapareceram, ao ler os tomos de magia que lá estavam. Conheceu o fantasma de Kaspar (com quem ainda mantém um contato ocasional) e, como todo bom Curioso, começou a estudar o que estava nos Tomos do antigo senhor Lars Bieberaus, muitas vezes sendo encontrado dormindo na antiga Mansão.

Logo, começou a desenvolver poderes mágicos e a conhecer os povos mágicos da região, contando com a ajuda ocasional de Sylvester “Silly Silver” Sälvalner, que era parte da sua Turma e que, sem que todos soubessem, possuía sangue Bieberaus, e portanto conhecia magia, ainda que poucas coisas. Como Sylvester era um palhaço em um antigo circo, na prática era Wyatt quem cuidava para que as criaturas mágicas da região mantivessem o antigo Pacto de Fair Leaves, mesmo que o Trevo de Fair Leaves estivesse perdendo seu poder.

Para isso, ele desenvolveu seus estudos e com isso tornou-se um mago de grande reputação entre os que conhecem sobre a magia. Para obter o poder que precisava para impedir que criaturas más atacassem Fair Leaves, começou a se aventurar pelo mundo, coletando livros e artefatos, tanto mundanos quanto mágicos, e cuidando deles. Isso o fez tornar-se um antiquário famoso em todo o país, o que trouxe fama para Fair Leaves.

Atualmente, Wyatt já não é mais tão vigoroso como era, assim como Sylvester, e ambos temem que, sem alguma pessoa que possa proteger Fair Leaves de criaturas mágicas más, Fair Leaves acabe virando ruínas e se tornando uma cidade fantasma, como aconteceu com outras cidades em todo o meio-oeste.

Wyatt é um senhor carneiro bastante forte, com um cavanhaque meio assustador, e normalmente usando óculos de aro metálico. É tradicionalista e normalmente não é visto fora de seu Antiquário. Poucas pessoas o visitam: como o Antiquário é um tanto esquisito e meio assustador, a maioria das pessoas não gosta de ir lá. Ele prefere assim pois existem itens que ele não vende para qualquer um, em especial os itens de magia que possui guardado. Entretanto, por trás desse verniz duro, Wyatt continua sendo o curioso garoto que, apenas por um acaso, encontrou magia perdida na Mansão Bieberaus.

Nota: Esse personagem é parte da iniciativa #playforwyatt, de prevenção ao suicídio #Play4Wyatt #WyattNPC

Aspectos

Pergunta Aspectos
Cartilhas Adulto/Maguinho (Anteriormente, Curioso)
Que tipo de poderes você possui? Conheço vários tipos de tradições mágicas e seus princípios
Por que seus poderes devem ficar ocultos? As pessoas ficam hostis diante do que não conhecem e perigosas quando hostis
Como você se relaciona com a Turma? Crianças devem ter o direito de sonhar. Não é nosso direito tirar isso delas.
Quais os limites que você se impôs em relação à Turma? Devo manter o segredo da magia como um segredo
Quando você percebe que sua curiosidade o colocou em encrenca? Pessoas ficam sob risco quando faço algo mais perigoso.

Atitudes

Atitude Nível
Ativo Medíocre (+0)
Desenvolto Razoável (+2)
Divertido Regular (+1)
Esperto Ótimo (+4)
Fofo Regular (+1)

Façanhas Exclusivas

Façanhas

Sylvester “Silly Silver” Sälvalner - Um Mágico Palhaço

Sylvester Sälvalner sempre viveu no circo. Seus pais eram do antigo Donahue Circus & Shows, e Sylvester nasceu na estrada, entre uma apresentação e outra. Sua mãe, Denise LeClerc, veio da França para se casar com seu pai, Nils Sälvalner.

Com o tempo, o pequeno Sylvester demonstrou aptidão para o circo, sendo capaz de muitos atos, como acrobacias, apresentações na corda bamba e no trapézio, música e apresentações cômicas como palhaço, onde era muito melhor.

Entretanto, com o tempo ele descobriu que sua família tinha sangue de uma das Famílias Fundadoras de Fair Leaves: os Bieberaus tiveram uma filha que se casou com um dos primeiros Sälvalner, que tinham vindo da Finlândia para essa nova terra. E os Bieberaus eram assumidos como magos, o que deixava todos os demais assustados com isso.

Desse modo, assim como seu pai, seu avô e seus familiares antes dele, ele desenvolveu uma série de artes mágicas. Porém, dado à sua inocência e característico bom humor, ele nunca fez magias poderosas: na realidade, tudo o que ele fazia eram jogos de cores, luzes e pequenos truques de magia que facilmente seriam confundidos com truques de cena circense.

Isso, porém, o fazia se envolver ocasionalmente com coisas sobrenaturais, e ele viria a descobrir vários segredos místicos de Fair Leaves e a os manter em segredo do resto da cidade.

Quando ficou velho o bastante e o antigo Donahue Circus & Shows veio à falência e foi comprado por um circo maior cuja base de inverno fica em Katchalow, ele conseguiu adquirir algumas coisas, como velhos baus, panfletos, cartazes, figurinos e tudo o mais, e com isso ajudou a formar o Circo Comunitário e Brigada de Palhaços dos Cavaleiros da Diversão, junto com algumas pessoas da Associação Cultural de Fair Leaves e do Grupo Escoteiro de Fair Leaves. E passou, por ser o mais experiente, a ensinar coisas sobre circo aos interessando, o que para infelicidade dele são tão poucos que a Associação Cultural está ameaçando o despejar!

Sylvester é um senhor foca bastante idoso, seu rosto de foca um pouco ressequido e com rugas, mas com um sorriso fácil mesmo diante de todas as adversidades. Suas roupas, mesmo quando não envolvido com nada relativo ao Circo Comunitário, são coloridas e espalhafatosas. Ele parece alguém que já foi muito mais ágil no passado, e alguns podem dizer que já viram a “criança dos olhos” de Sylvester, e no caso ela usa roupas de palhaço.

Aspectos

Pergunta Aspectos
Cartilhas Adulto/Maguinho (Anteriormente, Travesso)
Qual sua relação com a Turma? Ex-palhaço de Circo, Mágico e Atual líder do Circo Comunitário e Brigada de Palhaços dos Cavaleiros da Diversão
Como é sua relação com sua Criança Interior? Você é tão velho quanto acredita que é…
Quais os limites que você se impôs em relação à Turma? Eles não podem saber sobre os mistérios de Fair Leaves
Que tipo de poderes você possui? Magias com cores e luzes e truques da minha época do Circo
Que tipo de travessuras você gosta de fazer? Truques bobos e engraçados que façam os outros rirem

Atitudes

Atitude Nível
Ativo Regular (+1)
Desenvolto Razoável (+2)
Divertido Bom (+3)
Esperto Razoável (+2)
Fofo Razoável (+2)

Façanhas Exclusivas

Façanhas

Seamus McLucky - O Jovem Leprechaun Atrapalhado

Seamus é de uma antiga família de Leprechauns que, sem que ninguém soubesse (ou assim se acredita), acompanhou os viajantes que saíram do Leste e vieram até Fair Leaves. Como todo Leprechaun, eles começaram a procurar ouro ou outros materiais preciosos, mas não encontraram nada nesse porte, apenas uns pequenos veios de cobre e malaquita.

Entretanto, seguir adiante junto com os Carroções ou depois com a Febre do Ouro era tão desgastante que eles decidiram ficar em Fair Leaves, escondendo um pouco de ouro mágico da sorte debaixo da Praça Central, para atrair o máximo de sorte possível para a cidade.

Seamus nasceu a pouco tempo, pouco mais de 60 anos (o que é pouco para um leprechaun), e só recentemente começou a poder sair sozinho de sua casa, escondida na Clareira dos Trevos no Bosque do Casebre. Ele evita ser visto pelas pessoas, pois ainda tem vergonha de ser visto sem a típica barba e cavanhaque de um leprechaun (que ele ainda não tem por ser muito jovem). Entretanto, ele está tentando entrar em contato com a Turma: quem sabe eles não podem ser seu amigo?

Aspectos

Pergunta Aspecto
Que tipo de poderes você possui? Posso trazer sorte ou azar, como todo Leprechaun
Quais tabus você deve seguir? Se alguém me capturar, devo dar um amuleto da sorte para ele
Como você se relaciona com a Turma? Quem sabe eles não queiram ser meus amigos
  Tenho vergonha de ainda não ter barba…
  Roupas de folha e chapéu de trevo

Atitudes

Atitude Nível
Ativa Regular (+1)
Desenvolta Bom (+3)
Divertida Razoável (+2)
Esperta Regular (+1)
Fofa Razoável (+2)

Façanha Exclusiva

Danaan Baalycairn - A maguinha recém-chegada

Os Baalycairn sempre viveram em um vilarejo em Sligo, na Irlanda, onde utilizavam sua magia de proteção e seus talismãs como forma de proteger as pessoas contra maus agouros e afins. Na realidade, entre aqueles que realmente conhecem magia, os Baalycairn são considerados grandes especialistas em como lidar com talismãs, amuletos, runas e outros tipos de artefatos mágicos.

Para Danaan, isso ainda não é muito importante, uma vez que ela ainda é jovem e mal sabe improvisar alguns itens de proteção contra criaturas mágicas. De fato, muitas vezes algumas criaturas mais travessas, como pixies, kobolds e leprechauns costumam se aproximar para pregar peças com ela. Graças a isso ela já não tem mais roupas adequadas, usando roupas estranhas que fazem outras crianças caçoarem dela.

E, para piorar, a família dela foi procurada pelo famoso antiquário e pesquisador de magia Wyatt Woolmeister, de Fair Leaves, para o ajudar a reformar o famoso Trevo Mágico de Fair Leaves.

Danaan é uma garota ovelha, com pelo levemente avermelhado e orelhas em um tom vermelho-amarronzado similar a tijolo. Suas roupas são estranhas, mais parecendo sobras da mãe ou coisas compradas em brechós, além de sempre utilizar meias despareadas. Ela tem um ar um pouco estranho para quem não a conheça, e parece um tanto maluca, mas isso porque ela é alguém que têm uma espécie de Aziago: todas as criaturas mágicas de uma região vão achar que ela é alguém com quem elas podem brincar.

Aspectos

Pergunta Aspectos
Cartilhas Maguinho/Recém Chegado
Por que você veio para Fair Leaves? Meus pais vieram ajudar com a questão da Magia em Fair Leaves
O que mais você sente falta da sua cidade original? Todos os meus amigos… Incluindo as pixies
O que você pensa sobre a sua Turma? “Como são estranhos… Não são capazes de usar magia!”
Que tipo de poderes você possui? Faço amuletos de proteção e algumas magias simples, além de chamar a atenção de criaturas mágicas
Por que seus poderes devem ficar ocultos? As pessoas vão caçoar de mim, mais do que já fazem

Atitudes

Atitude Nível
Ativo Regular (+1)
Desenvolto Regular (+1)
Divertido Razoável (+2)
Esperto Razoável (+2)
Fofo Bom (+3)

Façanhas Exclusivas

Criaturas Mágicas Perigosas

Coelho da Lua

Uma criatura mágica, ela parece um coelho branco em todas as suas proporções e é completamente indistinguível de qualquer outro coelho, se não fosse ele próprio emitir uma leve luz branco azulada. Isso parece algo que facilita tentativas de o capturar, mas as pessoas não devem se enganar: ele é rápido como o raio e extremamente esperto. Capturar o mesmo é muuuuuito difícil, mesmo em turma, sendo praticamente impossível de o fazer sozinho. Embora assustadiço, pode ser convencido a trocar sua liberdade, caso capturado, por um Desejo ou por conhecimentos especiais.

Apêndice 2 - O Pacto de Fair Leaves

Fair Leaves sempre foi considerada uma cidade sortuda: no meio do nada, ainda assim conseguiu uma certa prosperidade, mesmo perto de regiões desérticas onde nada vinga de plantação.

Pouca gente sabe que isso tem a ver com como Fair Leaves foi estabelecida.

Fair Leaves foi estabelecida durante a Corrida para o Oeste, quando um grupo decidiu que bastava: estavam cansados de dias e dias dentro de carroças horríveis, enfrentando fome, seca, doenças e ataques de índios, e decidiram se estabelecer no meio do caminho, em um local onde as coisas ainda eram um pouco melhores do que o deserto seco que tinham acabado de deixar: terra fértil, água e bosques para prover madeira e algumas frutas e ervas.

Entretanto, os líderes das principais caravanas perceberam que tinha algo errado: eles conseguiam muita pouca comida e água, e isso estava colocando em risco o estabelecimento da vila de Fair Leaves. Além disso, os nativos sempre conseguiam pegar os mesmos desprevenidos.

Foi quando Wilheim Bieberaus, um dos Fundadores, percebeu o problema:

Fair Leaves foi estabelecida em um local onde haviam povos nativos, tanto mundanos quanto mágicos, que estavam incomodados com as ambições e os excessos dos recém-chegados.

Ele então procurou, utilizando seu conhecimento do sobrenatural, conversar com os povos e entendê-los, e então repassou para os demais Fundadores a situação. Eles compreenderam que realmente estavam passando dos limites, e procuraram estabelecer alguns limites: áreas de preservação foram estabelecidas e locais sagrados foram determinados. Os povos receberam também parte dos ganhos e esforços de Fair Leaves.

Por fim, um Pacto entre todos os entes envolvidos foi estabelecido. Com a ajuda dos demais fundadores Liam McBaalian, Jeremiah O’Wool e Fearghus McHog, ele estabeleceu um Pacto de Não Agressão entre os envolvidos, simbolizado pelo Trevo de Fair Leaves, um amuleto que foi engastado na Pedra Fundadora da Vila. Esse amuleto foi feito aos moldes de um Trevo de Quatro Folhas, feito em malachite encontrado em uma mina próxima, o centro na forma do símbolo conhecido como Ouroboros, uma cobra comendo o próprio rabo.

Nada disso foi escolhido por acaso: Wilheim decidiu fazer um símbolo baseado em vários símbolos de prosperidade, como o Trevo, a Malachite e o Ouroboros. O objetivo era que, enquanto ninguém tentasse algo ruim com os demais, Fair Leaves seria próspera em todos os níveis.

E isso vem sendo respeitado desde então…

…exceto pela Traição que deu origem à Maldição do Trevo.

A Maldição do Trevo

As coisas foram bem por pelo menos 100 anos. De uma pequena Vila, Fair Leaves tornou-se uma próspera cidade: a Febre do Ouro foi interessante para Fair Leaves, pois muita gente se fixou lá e a cidade prosperou com a linha de trem que levava pessoas para o Leste. O entroncamento em Great Willows provia também empregos para as pessoas.

Foi quando as coisas começaram a ficarem tensas entre os Fundadores:

Os Bieberaus eram uma das Famílias Fundadoras de Fair Leaves. Esses castores vindos da Holanda vieram na época da Migração para o Oeste e se uniram às outras Famílias Fundadoras (O’Wool, McBaalian e McHog) quando se cansaram de viajar e encontraram um belo local para viver nessa região, um paraíso de terreno no meio do inferno desértico do meio-oeste dos EUA. Ao conseguirem negociar com os moradores locais por um espaço na região, os Fundadores conseguiram se concentrar e formar essa cidade.

Com o tempo, a cidade começou a crescer, e a Febre do Ouro e as Estradas de Ferro ajudaram a trazer pessoas para a cidade. Entretanto, com o tempo, os Bieberaus acabaram assumindo um papel que acabou os colocando em decadência: o na época patriarca dos Bieberaus, Rolf, assumiu uma série de tarefas filantrópicas. Alguns dizem que ele teria descoberto um veio de ouro na Caverna próxima no lago Donahue, alguns dizem que ele teria herdado dinheiro de um tesouro pirata, alguns simplesmente diziam que eles eram bons negociantes e isso oferecia um grande retorno financeiro. De qualquer modo, os Bieberaus passaram a ajudar bastante os recém-chegados, o que incomodava por algum motivo as demais Famílias Fundadoras.

Foi quando houve uma epidemia de tifo em Fair Leaves, e os Bieberaus foram muito afetados: os Bieberaus eram uma família com muitos problemas de saúde, e sua renda estava minguando, e portanto tinham dificuldades para se cuidarem. Além disso, sendo os boticários da região, eles sempre tinham contato com os mais doentes. Então os patriarcas das demais famílias decidiram que não havia o que pudesse ser feito, e os Bieberaus deveriam ser isolados da comunidade.

O Patriarca Bieberaus, o senhor Lars, nunca se conformou: ele sabia que isso era uma ação das demais Famílias Fundadoras contra eles, pois eles se opunham veementemente a uma série de práticas dos demais, que exploravam os recém-chegados, em especial aqueles que a lei da época desfavorecia, como imigrantes, negros e chineses. O fato de seu filho, Kaspar, estar muito doente da tifo era apenas uma desculpa, e ele chegou a suspeitar que os demais patriarcas tinham feitos certos ritos com bruxas da região para contaminar seu filho com a doença, violando o Pacto de Fair Leaves.

Dessa feita, não foi surpresa a reação de nervosismo do Sr. Lars Bieberaus contra os demais Fundadores, e nem a reação dos mesmos: entrando à força na casa, eles espancaram o senhor Bieberaus e levaram-no para perto da lareira. Após tapar a entrada da chaminé, colocaram o senhor Bieberaus e seu filho (que era fraco demais para reagir, ainda mais com a doença e depois de ter braços e pernas amarrados) próximo à mesma, e começaram a cercar ambos com uma parede de tijolos, cada um dos Patriarcas Fundadores sendo o responsável por levantar um dos muros.

Pouco antes de finalizarem, o sr. Bieberaus despertou e viu os três Patriarcas terminando o muro. Ao tentar sair pela chaminé, percebeu que a mesma estava tampada e portanto, ambos estavam condenados a morrer, ele e seu filho. Quando Kaspar começou a tossir muito, Lars decidiu que não faria seu filho sofrer, e, desesperado, pegou um pequeno estojo que tinha próximo à lareira com alguns itens de apotecaria e decidiu que ao menos uma morte indolor seu filho teria, e misturou rícino ao leite de papoula para o mesmo beber. Em seguida, ele tomou uma poderosa dose de arsênico, se matando e com isso extinguindo a linhagem dos Bieberaus.

E isso acabou rompendo a magia do Pacto de Fair Leaves e dando origem à Maldição de Fair Leaves: aos poucos, as coisas foram piorando, e os que receberam o pior impacto de imediato foram os Fundadores.

Os O’Wool ficaram loucos, uma síndrome de pânico os tornando incapazes de ficar em Fair Leaves. Dizem que isso aconteceu a partir do momento o Patriarca dos O’Wool teria visto o fantasma de Kaspar Bieberaus, quando eles teriam entendido o que cometeram de terrível contra Fair Leaves. Os O’Wool vivem atualmente em Great Willows e não fazem a menor questão de voltar a Fair Leaves: eles ainda vivem sob a sombra do sentimento de culpa e de falha do Patriarca Connacht O’Wool.

Os McBaalian cresceram em cobiça, começando a conspirar para obter o máximo de dinheiro, mesmo que isso significasse passar por cima dos seus. Curiosamente, isso apenas fez com que eles perdessem ainda mais dinheiro. O último dos McBaalian renegou o nome e vive atualmente como um vagabundo, indo e voltando para Fair Leaves quando lhe dá na telha. Ele deseja ser o último McBaalian, fazendo “essa linhagem maldita” se extinguir, mas para isso ele precisa ainda que alguém receba as terras dos McBaalian como herança em vida.

Por fim, os McHog estão crescendo, como de costume, graças à Sorte que ainda herdam do Trevo, mas isso os torna cobiçosos por serem os plenos donos de Fair Leaves. Na realidade, eles já são donos de pelo menos metade de Fair Leaves, e estão fazendo de tudo para comprar a outra metade.

Mas essa Maldição pode se espalhar para Fair Leaves como um todo: como o Trevo foi quem deu condições para que Fair Leaves prosperasse, ele pode remover essa benção, como tem sido feito sem que as pessoas percebam. Na realidade, ainda não é tão ruim, mas o Trevo reage ao desejo das pessoas: quanto mais elas desejarem coisas ruins, mais ele reagirá mal.

As criaturas sobrenaturais

Além disso, o Trevo oferece uma proteção mágica contra seres perigosos: sem que os habitantes de Fair Leaves saibam, existem todo tipo de criaturas e monstros perigosos em locais como a Floresta próxima ao Lago Donahue e à cachoeira do Urso Malhado, o Bosque do Casebre, o Monte Safira e o Charco da Figueira.

Quando Fair Leaves foi fundada, os Fundadores sabiam que as criaturas sobrenaturais eram perigosas: mesmo as mais pacíficas, que apenas queriam brincar, tinham poderes estranhos que poderiam colocar todos em riscos, inclusive elas próprias.

Foi Wilheim Bieberaus que incluiu as criaturas no Pacto de Fair Leaves, procurando com isso garantir que mesmo elas tivessem seu espaço e direitos. Acabou-se estabelecendo que certas partes das regiões mais inóspitas às pessoas, em especial nas partes mais cerradas do Bosque do Casebre, seriam para as criaturas sobrenaturais. O próprio Casebre da Bruxa seria separada como um Sanctum, um local onde quem quer que esteja estará protegido.

Mas com a Traição aos Bieberaus, mesmo isso começou a ruir: não muito tempo depois, começaram a aumentar os rumores de criaturas perigosas andando por ali. Aqueles que sabiam do Pacto entenderam o que aconteceu: sem pessoas para protegerem e reforçarem o Pacto, essas criaturas poderiam fazer o que quiser!

Descendentes do Bieberaus de outras famílias começaram a assumir esse papel, mas sempre tiveram dificuldade, pois o próprio poder do Trevo estava se esvaindo. Foi só recentemente que Sylvester Sälvalner e Wyatt Woolmeister começaram a procurar maneiras de reforçar o poder mágico do Trevo e com isso proteger Fair Leaves.

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