Local Exótico para Primordiais: Avalon, a Ilha Sagrada
13 Jun 2016Mais materiais para meu cenário pulp Primordiais, agora estou apresentando um pouco sobre um dos locais mais exóticos onde seus jogadores podem parar: Avalon, a Ilha Sagrada
Nota: essa descrição não é histórica, refletindo apenas a história para o cenário de Primordiais.
O que se sabe sobre Avalon?
O mito sobre a poderosa e estranha ilha de Avalon, oculta por brumas no caminho de brumas para Glastonbury, é conhecida pelos Mitos Arturianos como um lugar de magia e mistério. Os sinos do Mosteiro de Glastonbury repicam sempre que as Brumas se levantam, segundo os supersticiosos e os crentes, para afastar as terríveis bruxas de Avalon, sedentas de sangue e desejosas por deturpar o desejo dos homens e corromper as mentes das mulheres.
Sua última rainha, Morgana, é até hoje motivo de controvérsia: alguns dizem que teria sido honesta e protetora, mas foi amaldiçoada e não pode abandonar Avalon; outros dizem que é uma bruxa maldita seguidora do Demônio, que corrompeu seu irmão e praticou incesto com ele, dando à luz o terrível Mordred, que derrubou Arthur e acabou com a Era Dourada de Camelot.
O mais estranho é que acreditam que será por Avalon que Arthur irá voltar, após ter derrubado os terríveis pictos, celtas e saxões que ainda vivem naquela ilha. Como muitas coisas relacionadas a Avalon, isso também está imerso em mistério, lendas e segredos
A verdade sobre Avalon
A Ilha Sagrada é conhecida por aqueles que conhecem as verdades dos fatos por dois motivos: ser uma espécie de “Vaticano da Religião Antiga” e por seu contato íntimo com Tir na nÓg, a Ilha Esmeralda dos Tuatha De Danann. Além disso, alguns itens poderosos estão guardado em Avalon, como o Graal, o Prato de Vivianne, o Espelho de Morgana e Excalibur (ou Caliban, ou Caledfwlch, entre outros nomes).
Sendo um dos vários Reinos Exteriores, sua presença física “não existe”: a entrada para Avalon se dá por meio de rituais de magia conhecidos por alguns poucos, em especial no “nosso mundo”. Normalmente envolve o uso de um lago por onde um barco entra em “brumas mágicas” chegando em Avalon. O ponto mais “comum” disso ser feito é nas proximidades de Glastonbury, pois em épocas passadas esse local era bem próximo de Avalon, quando partes dela ainda eram parte de “nosso mundo”.
Em geral, isso é feito com cautela, uma vez que o Mosteiro de Glastonbury sempre tem monges da Ordem de São Silvestrino atuando, e os Wiccas que se envolvem nessa passagem sabem que os São Silvestrinos não são exatamente fãs dessa “travessia”. Os Monges são alertas e qualquer passagem podem implicar nos mesmos interrogando os que fazem a travessia. Os próprios Monges sabem como realizar tal travessia, apesar de não serem bem vistos em Avalon.
Uma vez feita a “travessia”, chega-se à Avalon: como ilha, ela é aproximadamente do tamanho do arquipélago havaiano ou da ilha de Kyushu no Japão. É possível, indo a pé, atravessar-se a ilha de ponta a ponta com facilidade em pouco mais de um mês.
A ilha vive de certa maneira em um regime “medieval”, subordinado à Sacerdotisa do Lago (atualmente Morgana), vivendo em comunidades que são capazes de produzir os alimentos necessários para a subsistência dos seus habitantes, estes basicamente descendentes de saxões e celtas, com alguns descendentes dos pictos entre eles. Existem poucos “de fora” que se estabelecem em Avalon: a maioria passa algum tempo em peregrinação e retornam ao “nosso mundo”. Entretanto, embora raros, pessoas de descendências não relacionadas aos povos britânicos primitvos não são incomuns.
Embora vivam em um regime “semi-medieval”, muitos confortos da vida moderna, como comunicações por cavalo, sistema de saneamento básico e água encanada existem. Apesar disso, as condições ainda são de certa maneira medievais.
Habitantes de Avalon
Originalmente moravam apenas mulheres em Avalon iniciadas os mistérios das sacerdotisas do Culto Antigo. Com o tempo e o aprofundamento da perseguição ao Culto Antigo promovida pelos sacerdotes cristãos (com a ajuda de Guinevere), e em especial após a queda de Arthur, a Ilha passou a ser habitada também por homens, totalizando atualmente em torno de 400 mil habitantes, espalhados em vilas por toda a ilha.
Os moradores são brancos em geral, mas existem aqueles com sangue picto ou de outros povos com tez escura, o que porém não implica em discriminação. Em geral possuem cabelos louros ou vermelhos e olhos de cores claras, mas podem apresentar qualquer cor tradicional de cabelo ou olho para um ser humano. Alguns poucos possuem feições levemente “diferentes” ou “feias” e são considerados “tocados pelas fadas” e sagrados.
Em geral existem muitas profissões, em especial aquelas mais “medievais”, entre os alavonenses, sendo todas muito valorizadas. As crianças são ensinadas a ler e escrever quando pequenas e aos 12 anos iniciam como aprendizes em um ofício. Em geral, aos 16 já são considerado adultos e podem casar-se ou abrir sua própria oficina. A alfabetização, dada a todos, é feito no idioma conhecido como Avalonënn entre os moradores, uma variante do Gaélico moderno (ou mais exatamente, do Gaélico antigo) que usa os antigos pictos como escrita.
Política de Avalon
Avalon é subordinada à Sacerdotisa do Lago, tanto nos Aspectos Políticos quanto nos Religiosos. Morgana das Fadas é a atual Sacerdotisa, mas já está muito velha e encontra-se preparando potencial sucessoras. A sucessão é feita de uma maneira similar à Atlante, por meio de um Fior-Righ (loteria real), onde uma série de provas são aplicadas às sucessoras potenciais. Apenas mulheres que já tenham sido mães podem ser sucessoras, em especial que tenham tido filhos em Beltaine (um dos feriados mais importantes para os avalonenses, o “dia da fertilidade”) ou que tenham concebido filhos produzidos nos ritos em nome de Cernunnos, divindade antiga da fertilidade.
A ilha é dividida em aldeias comandadas por um número variável de Anciões e em geral cada uma possui um integrante das “Quatro Ordens”: um Druida, um Sábio, um Bardo e uma Sacerdotisa. Não existem regras sob a composição desse grupo, mas dois homens e duas mulheres é visto como algo extremamente afortunado. As decisões são por votação de todos os adultos e as mulheres também podem votar. O vota é igualitário segundo o sistema “um adulto, um voto”, mas tradicionalmente os Anciões de cada aldeia possuem o poder de “voto de Minerva” quanto a qualquer decisão, ainda que não tenham o hábito de o exercer, exceto nos empates númericos. Quando há empates mesmo com os Anciões votando, cada aldeia tem seus próprios métodos de resolução, seja por voto nas propostas mais apoiadas ou mesmo pelo lançamento de sortes quanto a cada proposta.
Em algumas Aldeias existem algumas posições não oficiais que podem ser preenchidas, como a de Curandeira, a de Virgem (normalmente uma adolescente que canta e dança em rituais e festejos especiais e que, o nome diz, deve ser virgem durante o tempo que desejar manter tal posição), a Dama da Espada (uma jovem especialmente hábil na Espada que a usa em danças especiais) e o Guardião (alguém que protege a vila de inimigos). Essas posições são preenchidas e possuem funções designadas conforme as necessidades de cada aldeia, suas inspirações e visões dos Anciões. Em geral, pessoas que ocupem tais posições são muito respeitadas, ainda que não detenham poder político extra.
As Ordens de Avalon
Como foi citado, em Avalon quase toda aldeia possui um integrante de uma das “Quatro Ordens”. Essas Ordens representam o equilíbrio entre os vários elementos da natureza (cada uma representando um Elemento) e entre as forças do homem e da mulher. As ordens são bem divididas entre si, sendo divididas da seguinte forma:
- Druidas (elemento Terra): os Druidas são, junto com as Sacerdotisas, os mantenedores da Religião Antiga. Eles cuidam das ervas e poções de cura, e conhecem todos os mistérios sobre a natureza física. Apenas Homens podem tornar-se Druidas, depois de um treinamento intensivo. Os Druidas vestem normalmente branco quando estão atuando em suas funções religiosas e carregam consigo Foices como símbolo, mas, assim como no caso das demais ordens, não possuem impedimentos quanto ao vestir quando estão fora de suas atividades;
- Sacerdotisas (elemento Água): as Sacerdotisas são todas mulheres, dedicadas à Grande Deusa, o Aspecto Feminino da Religião Antiga, sendo complementares aos Druidas, que dedicam-se ao Grande Deus. Elas cuidam dos aspectos mais espirituais da religião, e são normalmente as provedoras da vida por meio de rituais especiais. Vestem azul quando estão em atividade e utilizam na testa tatuagens pintadas com a lua no quarto minguante, além de portarem adagas. Fora dos rituais, podem vestir-se como desejar. A tatuagem é muitas vezes fixada no final do treinamento como sacerdotisa, e muitas têm filhos antes de assumirem posições importantes. Quando a tatuagem não é fixada na testa, ela costuma aparecer por outros meios, seja por tatuagens em outras partes do corpo ou pela presença constante da lua em suas vestimentas, devido ao fato da Lua representar o ciclo de nascimento e morte, e o ciclo do corpo feminino, além de toda forma de ciclos naturais;
- Bardos (elemento Fogo): a canção e a batalha, disso é feito a vida dos Bardos. Vestindo-se em verde e portando a Harpa, os Bardos são contadores de histórias que podem ou não serem inventadas, guerreiros de batalhas fictícias ou não, mas acima de tudo, representam as paixões humnas e os sentimentos. Assim como sua contraparte, os Sábios, não possuem restrições quanto ao sexo de seus membros, e muitas bardas são guerreiras e caçadoras tão ou às vezes mais hábeis que os homens. Ajudam os Druidas e Sacerdotisas como “memória do povo”. Ocasionalmente mostram suas proficiências na espada e no arco para caça e batalhas simuladas. São fogosos e não param por muito tempo em uma única aldeia, mas alguns, em especial aqueles de mais idade, podem fixar-se em uma região e atuar como professor e mentor, além de apaziguador. Seus aprendizes caminham juntos com os mesmos, estudando, até que se tornem adultos e sejam capazes de compor suas próprias baladas. Os Bardos mais poderosos são capazes de usar as três Canções Verdadeiras, Geantrái, Goltrái e Suantrái, a canção do Júbilo, da Nostalgia e do Descanso;
- Sábios (elemento Ar): eles não se atêm a tradições e questionam a tudo e a todos, a começar por sí próprios. Se existe uma forma de reconhecer um Sábio é pelo bordão especial que carregam, junto com a bolsa com todo tipo de cacarecos e objetos que sejam úteis nas suas funções, de julgar as comunidades como um todo, tendo um papel de condutor da moral da aldeia e de apoio para as compreensões filosóficas. Tendem a ter muito pouco e se preocupar menos ainda com isso. Alguns os consideram Loucos, mas a verdade é que a Sabedoria pode cobrar um preço. Mas em geral são os que mostram as falhas, sejam de cunho realista ou moral, de qualquer decisão e exigem que isso também seja levado em conta.
O conceito da Ordem Mística Wicca é apenas uma má-impressão dos “de fora”, que consideram Wicca todos os seguidores da Religião Antiga, entendendo-os como uma única grande ordem, sem entender a diferença entre essas quatro ordens. Desse modo, quando fala-se Wicca em geral quer dizer-se o conjunto entre Druidas, Sacerdotisas, Bardos e Sábios.
Religião
Os avalonenses são em sua maioria absoluta seguidores da Religião Antiga irlandesa, o que os de fora teimam em chamar de Wicca sem farem a menor idéia do que estão falando. Porém, ainda existe entre eles alguns integrantes da Ordem de São Silvestrino e da Ordem de Santa Brigite, uma ordem de Católicos Celtas que podem oferecer cultos cristãos aos poucos que seguem essa religião.
Quanto a proselitismo, existe uma certa abertura, desde que seja feito sem ofensas à Religião Antiga, que é dominante. O “Estado” de Avalon não chega a ser laico, mas é bastante permissivo aos que respeitam a Religião Antiga. Existem algumas capelas cristãs que oferecem culto segundo a Tradição Católica Celta, e aparentemente existe um monastério das Religiões do Extremo Oriente, o Monastério de C’hi T’sung. É desconhecida outros cultos na Ilha Esmeralda.
Em especial, é interessante notar que, mesmo a maioria absoluta sendo seguidores do Culto Antigo, não existe nenhum tipo de preconceito direto pela religião, e a pessoa, dentro do seu lar, é livre para realizar cultos a qualquer divindade que desejar, inclusive fora do Culto Antigo, enquanto isso não acarretar em crimes ou em violações do direito primordial do Culto Antigo de existir. De fato, em quase todas as Aldeias existem cristãos que fazem suas pregações e orações em seus lares, suas Bíblias e Santos à vista dos que entram no lar.
Em termos morais, os avalonenses possuem suas crenças, mas suas espiritualidades são profundas. São humanistas, respeitadores das pessoas e da natureza, e acreditam no equilíbrio e no Destino, além da Lei do Retorno: tudo que você faz ou deixa de fazer a alguém, cedo ou tarde trará consequências.
Festividades
Os avalonenses reconhecem os feriados da Religião Antiga como feriados realmente “nacionais” – obviamente entendendo-se Avalon como uma nação, e os cultos são prestados de maneiras especiais para cada um dos feriados:
- Samhain – a noite mais longa do ano, Samhain é o ínicio do ano para os avalonenses, e normalmente ocorre no dia 31 de Outubro para 1° de Novembro. As festividades são similares ao Halloween, mas com mais significados secretos, com as crianças e adultos escolhendo suas fantasias baseadas em simbolismos importantes para cada um. Os druidas costumam fazer o rito do Eidolon à meia-noite diante da Torre Solitária para entrar em contato com os Espíritos dos Mortos que caminham pela Estrada Prateada (a trilha que liga as encarnações segundo a Religião Antiga). Além disso, a Dança dos Mascarados é cheia de simbolismos secretos e todos os presentes são convidados a dançá-la;
- Yule – dia 23 de Dezembro. Yule é comemorada da mesma forma que o Natal no “mundo exterior”, com a troca de presentes entre vizinhos e familiares, com cantigas e fogueiras. As capelas católicas também participam dessas festividades, prolongando-as até coincidir com o Natal Cristão. Devido à abertura religiosa promovida por Morgana, não é incomum que as aldeias convidem todos, independente das crenças, para grandes banquetes coletivos, onde todos podem comer e beber e festejar;
- Candlemas – 1° de Fevereiro é o dia de Candlemas, quando vários cultos de iniciação de integrantes nas Ordens Místicas são realizadas. Outras festividades de introdução, como a aceitação de novos aprendizes e a apresentação das donzelas para que possam ser cortejadas e/ou desposadas ocorrem nesse dia, que representa o ressurgimento da vida. Mesmo entre ordens cristãs e de outros povos, Candlemas é um dia importante para a aceitação de pessoas em suas ordens sagradas;
- Equinócio da Primavera – chamado também de festival das Sempre-vivas, normalmente no dia 20 ou 21 de Março, é o dia de mais importante consagração às crianças de Avalon. Nesse dia, as meninas recebem coroas feitas de flores e sempre-vivas, indicando a esperança no amanhã. Também é um dia de júbilo, com bardos se desafiando em concursos de histórias, batalhas simuladas e competições. Os meninos avalonenses muitas vezes têm nesse feriado a primeira oportunidade de demonstrar suas habilidades de combate físico em torneios de espadas e justas;
- Beltaine – 1° de Maio é o dia do Festival das Fogueiras. É um rito particularmente estranho para os do mundo exterior. Em todas as vilas e cidades grandes fogueiras são acesas e comida e bebida disponibilizada, enquanto o povo fica nu, bebendo, comendo e festejando a liberdade e o contato com a natureza. Apesar do que os do “mundo exterior” possam pensar, sexo não chega a ser algo obrigatório, mas uma mulher que conceba ou tenha um filho concebido de Baltaine é considerada abençoada. Na Torre Solitária, rituais são prestados por meio da consagração de dois membros das Ordens dos Druidas e das Sarcedotisas para “tornarem-se” o Grande Deus e a Grande Deusa da Religião Antiga. Em geral, uma concepção que parta desse rito é considerada extremamente abençoada, digna de um grande futuro;
- Solstício de Verão – 23 de Junho. É o dia mais longo do ano, e representa a explosão da vida. É um dia basicamente de festa, com música, danças, comida e bebida, jogos e divertimento para todos;
- Lammas – 1° de Agosto. Nesse dia, começa as colheitas e é celebrada uma festa com os produtos das primícias em agradecimento à Natureza generosa. Entre os Católicos Celtas, a Sagração das Primícias é importantíssima, onde uma parte dessas é oferecida ao altar em nome de Deus. Em geral, são celebrações fartas de alimentos e canções;
- Equinócio de Outono – 21 de Setembro. Nessa data é prestado sacrifícios, oblações e holocaustos de animais para a natureza em agradecimento a tudo que foi obtido e que será usado para manter o povo durante o inverno. As suspeitas de alguns de sacrifício humanos é parcialmente infundado, pois antigamente havia aqueles que se matavam em nome das comunidades nessa época do ano, em especial em meio aos idosos. O sacrifício humano foi proibido recentemente por Morgana, mas existem aquelas comunidades onde o suicídio ritual ainda é pregado por alguns. Entretanto, cada vez mais tal atitude tem sido mal vista;