Não na minha mesa - Porque precisamos falar sobre isso

Imagem da campanha "Não na minha mesa", traduzida pela Eva Morrisey, do Blog Livro de Espelhos Normalmente, nesse blog eu procuro postar materiais e coisas em geral, mas existem horas em que temos que marcar nossa posição.

O mundo nerd em geral, e no RPG em particular, tem uma ilusão de se sentir mais sábio e respeitoso que outros círculos, como o do futebol ou da política, por exemplo.

Entretanto, se os eventos recentes provam alguma coisa é que, sim, como disse o velho e bom Doutor Careca, “O Nerd Padrão é Imbecil e Preconceituoso”.

E esse é um fato que se aplica até a mim.

Não adianta eu alimentar uma falsa ilusão de cultura, pois existem convenções sociais que nos são impingidas, às vezes até mesmo de maneira inconsciente.

Quer um exemplo? Vamos lá: rosa é cor de menina e azul de menino, certo? E menino não usa vestido, ok?

Sim… Mas só a partir do início do século XX. E isso não é uma teoria conspiracional de feminazis ou coisas do gênero, usando as terminologias adoradas pelos Homens de Bem™1, mas sim estudos publicados por sites como Smithsonian.com e TodayIFoundOut. Antes desse período, era normal que colocassem todas as crianças de uma idade baixa (até uns 7 anos) com vestidos (porque facilitava a troca de fraldas) e com cores neutras (branco ou amarelo, em especial em tons pastéis). Os artigos são bem mais interessantes do que eu explicando, e vale gastar um tempo para a leitura.

Mas o que eu quero dizer aqui é que, enquanto pessoas que realmente sofremos no passado (e sim, eu sou de antes de The Big Bang Theory e Mark Zuckenberg, onde você ser nerd - e pior, ter orgulho disso - era pedir para “apanhar para virar homem”) deveríamos ser mais abertas a essas situações.

Sim, esse é um post de Chamado às armas, embora não tenham armas envolvidas.

No Fate Masters e no Rolando +4 sempre falamos sobre a questão de Não ser babaca. Defendo isso2 porque acredito que sempre podemos ser melhores do que somos.

Eu já fui menos, para usar o termo, desconstruído. Já joguei pela lógica tradicional e, em outros tempos, usei e abusei dos estereótipos de todos os tipos de preconceito (tenho vergonha de lembrar os nomes de alguns NPCs de Vampiro). Mas com o tempo fui aprendendo que isso não é legal.

E são exatamente essas coisas que criam na cabeça das pessoas o estereótipo do nerd gordo granudo tetudo.

Precisamos ter na consciência uma coisa: nossas atitudes contam.

As pessoas que jogam RPG gostam de ter um escapismo da realidade ocasionalmente. Isso não é ruim e não é nem um pouco diferente de pessoas que, por exemplo, vão ao teatro ou ao futebol: é o momento de lazer, de deixar tudo de lado e ter uma descontração.

Incluir coisas que prejudiquem a diversão ou que tragam sofrimento para os outros não é diversão, é babaquice.

Por isso, eu digo que #nãonaminhamesa.

Se você é do tipo que faz piadinhas racistas com jogadores, #nãonaminhamesa.

Se você acha que a guerreira elfa tem que usar biquini de cota de malha, #nãonaminhamesa.

Se você acha que uma Sidhe tem que usar vestidos super-curtos e não pode ter uma espada quimérica, #nãonaminhamesa.

Se você acha que Marianne merece ser perseguida pela Nova Europa, #nãonaminhamesa.

Enfim, se você não sabe ser um ser humano e tratar os outros, independentemente de sua origem e opções, como tal, você não tem espaço, ao menos #nãonaminhamesa.


  1. Quero dizer aquelas pessoas que falam de Direitos Humanos para Humanos Direitos, Bolsominions e afiliados… 

  2. Aqui estou falando particularmente, e não em nome dos podcasts em questão 

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